domingo, 11 de dezembro de 2011

A C E S S O E U T I L I Z A Ç Ã O D E S E R V I Ç O S D E S A Ú D E


Quesito raça/cor indica situação de vulnerabilidade da população negra no acesso e 
utilização de serviços de Saúde 

 Diagnóstico da situação de acesso e utilização de serviços de saúde, a partir de dados 
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2003, para o Estado de São 
Paulo, indica diferentes situações entre os grupos que compõem a sociedade paulista. 
A população negra, que, conforme revelam as estatísticas apresentadas nos Indicadores de 
Desigualdade Racial, possui menor escolaridade, recebe menos pelo seu trabalho, mora e vive 
em condições piores que o segmento populacional branco, também enfrenta situação 
desfavorável no que se refere ao acesso e utilização de serviços de saúde. 
A auto-avaliação do estado de saúde, importante indicador que aponta a 
representação dos indivíduos sobre sua condição de saúde, apresenta diferentes índices entre as 
populações branca e negra. Entre os brancos, 80,1% auto-avaliaram seu estado de saúde como 
muito bom, proporção que correspondeu a 74,9% para os negros. As mulheres apresentam 
uma percepção mais crítica de seu próprio  estado de saúde do que os homens, nos dois 
segmentos de raça/cor.  
A cobertura de plano de saúde, que é influenciada pela condição socioeconômica geral 
do indivíduo e pela precariedade ou não da  sua inserção no mercado de trabalho, também 
revela diferenças que tem como determinante os fatores raça/cor. Os brancos apresentavam 
maior cobertura a esses serviços (44,2%) do que os negra (25,3%). Foram verificadas diferenças 
de gênero na proporção de cobertura por planos de saúde. Esta situação é mais freqüente entre 
as mulheres, apesar de que as mulheres negras tiveram um proporção de cobertura menor que 
a verificada entre os homens brancos (27,2% e 42,1%, respectivamente).  
A cobertura de plano de saúde consubstancia-se, ainda, num importante indicador da 
qualidade do serviço oferecido à população, uma vez que, em geral, o acesso é mais rápido e 
fácil para as pessoas com cobertura destes serviços  do que para aquelas que utilizam, 
exclusivamente, o Sistema Único de Saúde – SUS, embora este seja responsável pela maioria dos 
atendimentos de custo elevado e alta complexidade realizados na população, uma vez parcela 
dos planos de saúde não oferece essa cobertura. 
O número médio de consultas médicas realizadas não apresentou grandes diferenças 
entre brancos (2,9 consultas/ano) e negros (2,8 consultas), até mesmo pelo fato de que este tipo 
de atendimento é amplamente ofertado tanto através dos planos privados, como pelo sistema 
O Seade 2
público de saúde. As mulheres se consultaram mais vezes do que os homens, 
independentemente do quesito raça/cor. 
A PNAD Saúde incorporou, na edição de 2003, um conjunto de perguntas com o 
objetivo de dimensionar a realização de exames preventivos à saúde da mulher – exame clínico 
de mamas, exame preventivo para câncer de colo de útero e mamografia. Verifica-se que, nos 
três tipos de exame, a proporção de mulheres brancas que os realizaram foi superior à das 
mulheres negras. No exame clínico de mamas, exame preventivo básico para a saúde feminina, a 
pesquisa identificou que 78,5% das mulheres brancas de 25 anos  e mais já haviam feito este 
exame, contra 70,8% das negras no mesmo segmento etário. A desigualdade de acesso foi 
verificada, também, em relação à situação de exame de mamografia, que já havia sido realizado 
em 57,6% das brancas e em 49,2% das negras. A ocorrência mais freqüente de realização de 
exames nas mulheres brancas indica um acesso mais amiúde e de maior qualidade aos serviços 
de saúde, importante indicador das diferenças  socieconômicas provocadas pela situação de 
raça/cor. 
Não foram, praticamente, verificadas diferenças na situação de realização de exame 
preventivo para câncer de colo de útero, feito por 87,1% das mulheres brancas e por 85,4% 
das negras, o que denota a ampla cobertura deste exame, próximo da universalidade, entre as 
mulheres em idade fértil. 
Situação de consulta ao dentista revelou, como a maioria dos indicadores 
apresentados, relação com a variável raça/cor. Enquanto apenas 1,9% da população branca 
nunca havia ido ao dentista, essa proporção foi de 4,4% entre os negros. Para aqueles que já 
consultaram o dentista, a situação considerada mais adequada – consulta há menos de um ano 
– apresentou maior freqüência para os brancos (47,3%) em comparação aos negros (38,7%). 
O cenário traçado com os dados da PNAD Saúde 2003 reafirma a situação de maior 
vulnerabilidade da população negra no acesso e  utilização dos serviços de saúde, impondo a 
reafirmação de políticas públicas específicas e mais eficazes, que promovam ações afirmativas e 
superação das diferenças históricas verificadas entre as populações branca e negra. 
Fonte: www.seade.gov.br
Postado por: Erika Silvestre Ramalho de Moura

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