terça-feira, 20 de dezembro de 2011

13º Congresso Mundial de Saúde Pública

 
Promovido pela Associação de Saúde Pública da Etiópia e pela Federação Mundial de Associações de Saúde Pública, traz como tema central o Rumo à equidade na saúde global: oportunidades e ameaças, levando-se em conta o maior acesso equitativo e sustentável aos serviços de saúde das populações pobres e marginalizadas. O congresso pretende ser um fórum internacional para o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre as principais questões de saúde pública, contribuir para a proteção e a promoção da saúde pública a nível global, continental e nacional, criar uma melhor compreensão dos principais desafios da saúde pública da África na comunidade global e facilitar e apoiar a formação da Federação Africana das Associações de Saúde Pública (AFPHA).
 
Outras informações pelo site www.etpha.org/2012 ou pelo e- mail vina.hulamm@apha.org
 
SERVIÇO:
 
13º Congresso Mundial de Saúde Pública
Data: 23 a 27 de abril de 2012
Local: Addis Ababa, Etiópia

Palavras-chave:  

Saúde Pública ,Congresso,Etiópia

Postado por: #MSUL Priscila Perim

 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Nos serviços de saúde, uma mulher que sofreu violência deve ter o seu "MOTIVO DE ATENDIMENTO" classificado segundo os critérios de:



 Violência física - para agressão física sofrida fora do âmbito doméstico, por exemplo: violências sofrida por trabalhadoras do sexo e por outras mulheres, não enquadrada como violência doméstica;
 Violência sexual - estupro ou abuso sexual, em âmbito doméstico ou público, podem também resultar em lesões corporais, DST's (Doenças Sexualmente Transmissíveis); gravidez indesejada e transtornos mentais. Cabe lembrar aqui a situação das meninas e adolescentes, vítimas preferenciais do abuso sexual, incesto e estupro familiar "Saffiotí ressalta que a questão é realmente grave. Seu trabalho mostra que 80% dos casos de abuso tem a menina como objeto. O abusador é, predominantemente, o pai consangüíneo e a faixa etária preferencial das meninas agredidas vai de 07 a 1O anos" (Grossi, 1994).
Violência doméstica - relembrando, é a agressão praticada por um familiar contra outro, ou por pessoas que habitam o mesmo teto mesmo sem relação de parentesco.
Diante de tais considerações, é necessário que nos serviços de saúde informatizados sejam criados códigos específicos para classificar e delimitar a violência. Já existe o código geral para violência, que é utilizado para qualquer tipo de violência. Tal código permaneceria para a violência física, independente do sexo, não enquadrada como violência sexual e nem doméstica. Necessitamos criar um código para a "violência sexual", e outro para a "violência doméstica".
Caso o "motivo de atendimento" não seja violência, de qualquer tipo, qualquer profissional de saúde (médico/a; enfermeiro/a; auxiliares de enfermagem; psicólogo/a; assistente social, etc.) que detecte que a mulher atendida sofreu violência, quer seja física, sexual ou doméstica, deverá comunicar o fato ao(à) profissional responsável pela condução do caso e solicitar a correção do "motivo de atendimento" no prontuário.
Nas instituições em que a ficha de atendimento (probtuário) é feita em computador, não basta apenas que risque ou modifique o "motivo de atendimento" no prontuário, mas é necessário também que solicite ao(à) funcionário(a) responsável o preenchimento inicial do prontuário (dados de identificação pessoal) que o faça também nos arquivos de computador. Tal conduta é absolutamente indispensável para que as nossas estatísticas sejam mais reais.
História completa e descrição das lesões. Médicas e médicos precisam estar conscientes de que um prontuário cujo "motivo de atendimento" e diagnóstico é violência física, sexual ou doméstica representa um documento de grande valor legal para as mulheres, pois trata-se do registro mais importante da violência sofrida, logo preenchê-lo adequadamente demonstra o grau de compromisso profissional no combate à violência, Portanto, o prontuário deverá ser preenchido com letra legível e conter a descrição exata das lesões e os encaminhamentos realizados.
O "quesito cor". É necessário que os serviços de saúde adotem o "quesito cor" um dado de identificação pessoal que precisa ser preenchido e considerado no diagnóstico e nas estatísticas de morbimortalidade. "No Brasil a classificação adotada atualmente é a do IBGE, que coleta como dado que permite a identificação racial, a cor da pele (quesito cor), através da auto-classificação, ou seja, "a pessoa entrevistada é quem 'escolhe' e diz 'qual é a sua cor' em uma constelação de cinco itens: preta, parda, branca amarela e indígena. A junção da população preta com a população parda é que possibilita definir população negra" (Oliveira, 1998).
Os serviços de saúde informatizados que não contemplam o "quesito cor", conforme especificações do IBGE, necessitam fazê-lo. A invisibilidade das populações ditas "não-brancas" nas estatísticas brasileiras é uma herança racista que precisa ser banida, portanto o recorte racial da violência é um dado essencial para o combate às práticas racistas.
Porque, Quando, Como e para Onde encaminhar
Ao diagnosticar violência doméstica, seja firme e solidário(a). Oriente a mulher "a fazer valer" os seus direitos. Apresente-lhes caminhos que possibilitem quebrar o "ciclo da violência". No entanto, nem sempre você encontrará receptividade. Seja tolerante e não imponha o que você considera a "conduta certa". Mesmo considerando que a mulher em situação de violência encontra-se em condição de vulnerabilidade, cabe exclusivamente a ela decidir o que fazer. Respeite o direito dela à autonomia! Apenas faça a sua parte, sobretudo saiba encaminhá-la adequadamente e com presteza.
Os encaminhamentos, internos e externos, devem ser por escrito e registrados no prontuário. Em casos de violência contra a mulher, um documento médico adequadamente preenchido, como o prontuário, é um testemunho que serve para combater a impunidade e pode salvar vidas!

Lembre-se: você é responsável pelo conteúdo de um documento valioso para a saúde e a vida das mulheres e que a omissão, a exemplo do silêncio e da impunidade, é cúmplice da violência!

 
Referências Bibliográficas
BRITO, Benilda Regina Paiva. MULHER, NEGRA E POBRE: a tripla discriminação. Teoria e debate, ano 10, No. 36, out/nov/dez 97, p 19-23.
CARNEIRO, Sueli. Eixos articuladores da violência de gênero. Texto apresentado no Seminário Nacional Palavra de Mulher: revisão em torno das questões da violência doméstica, organizado pelo Benvinda - Centro de Apoio à Mulher, PBH, MG, 09/98.
GROSSI, Miriam Pilar. Violência de gênero: uma abordagem antropológica. Seminário Nacional A Violência Contra a Mulher. Documentos Fórum 2, SP, SP, 30 e 31/05/94.
JOFILLY, Olivia Rangel. Eixos estruturadores da violência. Texto apresentado no Seminário Nacional Palavra de Mulher: revisão em torno das questões da violência doméstica, organizado pelo Benvinda - Centro de Apoio à Mulher, PBH, MG, 09/98.
LOPES, Marta Júlia Marques; MEYER, Dagtnar Estermam; WALDOW, Vera Regina (org.). Gênero e Saúde. Série Enfermagem, Editora Gráfica Metrópole S. A. (s/d).
"Mulheres Espancadas: protocolos de tratamento na rede de saúde", baseado no artigo de Wendy K. Taylor e Jacquelyn Campbel integrantes da Rede de Enfermagem sobre Violência Contra a Mulher, publicado na revista Response, 81, vol 14, No. 4. Republicado no Brasil no livro Violência Contra a mulher uma questão de Saúde Pública, p 77 a 80, Sub-Regional Brasil da Rede Feminista Latino-americana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, 1997.
OLIVEIRA, Fátima. Oficinas Mulher Negra e Saúde, Mazza Edições, 1ª edição, 1998.
RUFINO, Alzira. Introdução do livro Violência Contra a mulher uma questão de Saúde Pública. Sub-Regional Brasil da Rede Feminista Latino-americana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, 1997.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Violência de gênero: entre o público e o privado. Presença da Mulher, No. 31, p 23-30; e Violência doméstica: do privado ao público. Presença da Mulher, No. 32, p 29-37.
VIGARELLO, Georges. História do Estupro: violência sexual nos séculos XVI-XX, Jorge Zahar Editor, 1ª edição, 1998.
Violência Doméstica e Direitos Humanos das Mulheres. CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Brasília, DF, janeiro de l998.

Postado por: SORAIA BERTONCELI

A violência contra a mulher é também uma questão de saúde pública




A violência contra a mulher, atualmente denominada violência de gênero (violência contra a mulher na vida social privada e pública), ocorre tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio (violência doméstica); ou por pessoas sem relação de parentesco e que não convivem sob o mesmo teto.
Para Saffioti (1997), a violência familiar "recobre o universo das pessoas relacionadas por laços consangüíneos ou afins. A violência doméstica é mais ampla, abrangendo pessoas que vivem sob o mesmo teto, mas não necessariamente vinculadas pelo parentesco".
Portanto, violência doméstica é qualquer ação ou conduta cometida por familiares ou pessoas que vivem na mesma casa, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. É uma das formas mais comuns de manifestação da violência e, no entanto, uma das mais invisíveis, sendo uma das violações dos direitos humanos mais praticadas e menos reconhecidas do mundo. Trata-se de um fenômeno mundial que não respeita fronteiras de classe social, raça/etnia, religião, idade e grau de escolaridade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência doméstica como um problema de saúde pública, pois afeta a integridade física e a saúde mental. Os efeitos da violência doméstica, sexual e racial contra a mulher sobre a saúde física e mental são evidentes para quem trabalha na área. Mulheres em situação de violência freqüentam com assiduidade os serviços de saúde e em geral com "queixas vagas".
"A rota das vítimas de violência doméstica passa regularmente pelos pronto socorros, ambulatórios e hospitais da rede de saúde" (Rufino, 1997), que em geral não conseguem fazer o diagnóstico de violência doméstica, assim como não compreendem a magnitude do problema como uma questão de saúde pública e nem conseguem assumir a responsabilidade social que lhes cabe. No Brasil, um outro dado importante é a omissão do poder público que não habilita os(as) profissionais de saúde para o atendimento adequado às mulheres em situação de violência.
Para entendermos porque a violência doméstica é também uma questão de saúde pública, precisamos compreendê-la no seu aspecto numérico (grande número de vítimas que atinge); nas repercussões deletérias na sanidade física e mental, assim como em suas decorrências econômicas para o país: diminuição do PIB (Produto Interno Bruto) às custas do absenteísmo ao trabalho; da diminuição da produtividade; e do período que ficam às expensas da seguridade social.  

 
Referências Bibliográficas

BRITO, Benilda Regina Paiva. MULHER, NEGRA E POBRE: a tripla discriminação. Teoria e debate, ano 10, No. 36, out/nov/dez 97, p 19-23.
CARNEIRO, Sueli. Eixos articuladores da violência de gênero. Texto apresentado no Seminário Nacional Palavra de Mulher: revisão em torno das questões da violência doméstica, organizado pelo Benvinda - Centro de Apoio à Mulher, PBH, MG, 09/98.
GROSSI, Miriam Pilar. Violência de gênero: uma abordagem antropológica. Seminário Nacional A Violência Contra a Mulher. Documentos Fórum 2, SP, SP, 30 e 31/05/94.
JOFILLY, Olivia Rangel. Eixos estruturadores da violência. Texto apresentado no Seminário Nacional Palavra de Mulher: revisão em torno das questões da violência doméstica, organizado pelo Benvinda - Centro de Apoio à Mulher, PBH, MG, 09/98.
LOPES, Marta Júlia Marques; MEYER, Dagtnar Estermam; WALDOW, Vera Regina (org.). Gênero e Saúde. Série Enfermagem, Editora Gráfica Metrópole S. A. (s/d).
"Mulheres Espancadas: protocolos de tratamento na rede de saúde", baseado no artigo de Wendy K. Taylor e Jacquelyn Campbel integrantes da Rede de Enfermagem sobre Violência Contra a Mulher, publicado na revista Response, 81, vol 14, No. 4. Republicado no Brasil no livro Violência Contra a mulher uma questão de Saúde Pública, p 77 a 80, Sub-Regional Brasil da Rede Feminista Latino-americana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, 1997.
OLIVEIRA, Fátima. Oficinas Mulher Negra e Saúde, Mazza Edições, 1ª edição, 1998.
RUFINO, Alzira. Introdução do livro Violência Contra a mulher uma questão de Saúde Pública. Sub-Regional Brasil da Rede Feminista Latino-americana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, 1997.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Violência de gênero: entre o público e o privado. Presença da Mulher, No. 31, p 23-30; e Violência doméstica: do privado ao público. Presença da Mulher, No. 32, p 29-37.
VIGARELLO, Georges. História do Estupro: violência sexual nos séculos XVI-XX, Jorge Zahar Editor, 1ª edição, 1998.
Violência Doméstica e Direitos Humanos das Mulheres. CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Brasília, DF, janeiro de l998.

Postado por: MSUL SORAIA BERTONCELI


Dados da violência doméstica

Hipertensão Arterial



http://3.bp.blogspot.com/-IOZAd2MsO6A/TZ5Xyv7fx0I/AAAAAAAAAdI/1aUG99B2098/s1600/hipertensao_arterial.jpg
                A Hipertensão Arterial (HTA) é um factor de risco para todas as doenças cardiovasculares, por isso, é muito importante fazer um controlo e acompanhamento da mesma.
                Os principais orgãos afectados pela HTA são os rins, cérebro, olhos e coração.
                Na sua maioria, a HTA não apresenta sintomas, por isso, ela é considerada uma “assassina silenciosa”.
                Com o envelhecimento a HTA torna-se mais comum. Em idade jovem adulta e no início da meia idade tem maior incidência nos homens, já entre os 55 e 64 anos o número de homens com HTA é praticamente o mesmo que as mulheres. Depois dos 65 anos a HTA é mais incidente ( incidência representa o número de novos casos) e prevalente (representa o número de doentes que já tinham a doença) nas mulheres, facto também explicado pelo aparecimento da menopausa na mulher.
                Na comparação inter-racial, a HTA incide mais sobre a raça negra do que branca.
                A tensão arterial é a relação entre a quantidade de sangue que o coração bombeia para as artérias com a resistência exercida por essas artérias ao fluxo sanguíneo. Assim, quanto mais estreitadas e/ou “enrijecidas” estiverem as artérias maior será a pressão exercida sobre elas pelo sangue, logo, haverá um aumento da tensão arterial.
                Há vários factores que estreitam e/ou “enrijecem” as artérias como, por exemplo, o tabaco, a gordura (colesterol total, LDL), o álcool, stress, entre outros.
                Tipicamente a tensão ideal encontra-se nos 120mmHg (milímetros de mercúrio) de “máxima” e 80mmHg de “mínima”, ou abaixo destes valores.  De modo geral, compreende-se por HTA, para tratamento farmacoterapêutico, quando os valores são iguais ou superiores a 140/90(mmHg).
                A “máxima” designa-se, clinicamente, por pressão sistólica (sístole) que representa a pressão que o coração gera quando bombeia o sangue para as artérias.
                A “mínima” é chamada na clínica por pressão distólica (diástole) e representa a pressão nas artérias quando o coração está em repouso, ou seja, entre os batimentos.
                Diz-se Hipertensão Essencial quando a causa não é conhecida e Hipertensão Secundária quando a causa está determinada (exemplos de causas: medicamentos e distúbios renais)
                Para o tratamento  e prevenção da HTA é indispensável uma mudança de hábitos de vida (controlo do peso, exercício físico, alimentação, tabaco e álcool).
                - Na alimentação comece por diminuir o consumo de sal e gorduras na comida pois como o sal provoca retenção de líquidos e as gorduras o “enrijecimento” dos vasos sanguíneos contribuindo, desta forma, para o aumento da tensão arterial. Evite alimentos salgados e gordurosos como carnes “vermelhas” e curadas, batatas fritas, enlatados ou pré-cozinhados, entre outros.
Tenha uma alimentação variada e dê preferência ao consumo de frutas, vegetais, lacticínios com baixo teor em gordura, azeite (gordura “boa”) e peixe;
                Evite o consumo de café e chá preto. A cafeína (substância que integra o café e chá preto) provoca um aumento da pressão sanguínea.
                - Tenha atenção ao consumo de álcool, este não é alimento. Beber mais de 45ml de bebidas deltiladas, 225ml de vinho ou 670ml de cerveja diariamente pode levar a um aumento da tensão arterial;
                - Reduza o seu peso caso o IMC (índice de massa corporal) seja igual ou superior a 25. O IMC é igual à divisão do peso (em kg) sobre a altura² (em metros).
                - Exercite o seu físico. Mesmo sem perder peso o exercício físico de resistência (aeróbico) pode baixar, em algumas pessoas, a tensão arterial.
                -Deixar de fumar retarda o processo de aterosclerose (estreitamento dos vasos sanguíneos) em pessoas hipertensas. O fumo aliado à HTA aumenta em grande número o risco de lesão arterial.
                Caso tenha feito estas mudanças nos seus hábitos de vida durante um periodo de 3 a 6 meses e a tensão não baixar, o melhor será dirigir-se ao seu médico para que ele institua um esquema farmacoterapêutico (medicação)  mais adequado à sua história clínica.
                O “melhor” medicamento para a HTA varia de pessoa para pessoa pois existem vários factores que interferem com o seu sucesso terapêutico (exemplos: idade, raça, grau de HTA, outras doenças associadas, efeitos secundários do medicamento, interações com outros medicamentos e/ou alimentos). Outro factor que não interferindo com o efeito do medicamento deve determinar a sua escolha é o seu preço.
                Muitas vezes os primeiros esquemas terapêuticos não têm sucesso, este deverá ser alterado até que se consiga controlar a tensão em valores abixo dos 140 mmHg (sístole) e 90mmHg (diástole). Se se tratar de diabéticos ou doentes que tenham algum tipo de doença crónica renal os valores são mais “apertados” baixando para 130/80 mmHg, respectivamente.
Ciclo de Formações Farmácia Misericórdia: “Doenças cardiovasculares” dia 28 de Maio pelas 10:00

Postado por :Maria Vanderléia Saluci Ramos 

A C E S S O E U T I L I Z A Ç Ã O D E S E R V I Ç O S D E S A Ú D E


Quesito raça/cor indica situação de vulnerabilidade da população negra no acesso e 
utilização de serviços de Saúde 

 Diagnóstico da situação de acesso e utilização de serviços de saúde, a partir de dados 
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2003, para o Estado de São 
Paulo, indica diferentes situações entre os grupos que compõem a sociedade paulista. 
A população negra, que, conforme revelam as estatísticas apresentadas nos Indicadores de 
Desigualdade Racial, possui menor escolaridade, recebe menos pelo seu trabalho, mora e vive 
em condições piores que o segmento populacional branco, também enfrenta situação 
desfavorável no que se refere ao acesso e utilização de serviços de saúde. 
A auto-avaliação do estado de saúde, importante indicador que aponta a 
representação dos indivíduos sobre sua condição de saúde, apresenta diferentes índices entre as 
populações branca e negra. Entre os brancos, 80,1% auto-avaliaram seu estado de saúde como 
muito bom, proporção que correspondeu a 74,9% para os negros. As mulheres apresentam 
uma percepção mais crítica de seu próprio  estado de saúde do que os homens, nos dois 
segmentos de raça/cor.  
A cobertura de plano de saúde, que é influenciada pela condição socioeconômica geral 
do indivíduo e pela precariedade ou não da  sua inserção no mercado de trabalho, também 
revela diferenças que tem como determinante os fatores raça/cor. Os brancos apresentavam 
maior cobertura a esses serviços (44,2%) do que os negra (25,3%). Foram verificadas diferenças 
de gênero na proporção de cobertura por planos de saúde. Esta situação é mais freqüente entre 
as mulheres, apesar de que as mulheres negras tiveram um proporção de cobertura menor que 
a verificada entre os homens brancos (27,2% e 42,1%, respectivamente).  
A cobertura de plano de saúde consubstancia-se, ainda, num importante indicador da 
qualidade do serviço oferecido à população, uma vez que, em geral, o acesso é mais rápido e 
fácil para as pessoas com cobertura destes serviços  do que para aquelas que utilizam, 
exclusivamente, o Sistema Único de Saúde – SUS, embora este seja responsável pela maioria dos 
atendimentos de custo elevado e alta complexidade realizados na população, uma vez parcela 
dos planos de saúde não oferece essa cobertura. 
O número médio de consultas médicas realizadas não apresentou grandes diferenças 
entre brancos (2,9 consultas/ano) e negros (2,8 consultas), até mesmo pelo fato de que este tipo 
de atendimento é amplamente ofertado tanto através dos planos privados, como pelo sistema 
O Seade 2
público de saúde. As mulheres se consultaram mais vezes do que os homens, 
independentemente do quesito raça/cor. 
A PNAD Saúde incorporou, na edição de 2003, um conjunto de perguntas com o 
objetivo de dimensionar a realização de exames preventivos à saúde da mulher – exame clínico 
de mamas, exame preventivo para câncer de colo de útero e mamografia. Verifica-se que, nos 
três tipos de exame, a proporção de mulheres brancas que os realizaram foi superior à das 
mulheres negras. No exame clínico de mamas, exame preventivo básico para a saúde feminina, a 
pesquisa identificou que 78,5% das mulheres brancas de 25 anos  e mais já haviam feito este 
exame, contra 70,8% das negras no mesmo segmento etário. A desigualdade de acesso foi 
verificada, também, em relação à situação de exame de mamografia, que já havia sido realizado 
em 57,6% das brancas e em 49,2% das negras. A ocorrência mais freqüente de realização de 
exames nas mulheres brancas indica um acesso mais amiúde e de maior qualidade aos serviços 
de saúde, importante indicador das diferenças  socieconômicas provocadas pela situação de 
raça/cor. 
Não foram, praticamente, verificadas diferenças na situação de realização de exame 
preventivo para câncer de colo de útero, feito por 87,1% das mulheres brancas e por 85,4% 
das negras, o que denota a ampla cobertura deste exame, próximo da universalidade, entre as 
mulheres em idade fértil. 
Situação de consulta ao dentista revelou, como a maioria dos indicadores 
apresentados, relação com a variável raça/cor. Enquanto apenas 1,9% da população branca 
nunca havia ido ao dentista, essa proporção foi de 4,4% entre os negros. Para aqueles que já 
consultaram o dentista, a situação considerada mais adequada – consulta há menos de um ano 
– apresentou maior freqüência para os brancos (47,3%) em comparação aos negros (38,7%). 
O cenário traçado com os dados da PNAD Saúde 2003 reafirma a situação de maior 
vulnerabilidade da população negra no acesso e  utilização dos serviços de saúde, impondo a 
reafirmação de políticas públicas específicas e mais eficazes, que promovam ações afirmativas e 
superação das diferenças históricas verificadas entre as populações branca e negra. 
Fonte: www.seade.gov.br
Postado por: Erika Silvestre Ramalho de Moura

SEXISMO ACENTUA PRECONCEITO CONTRA NEGRAS



MULHERES NEGRAS - Maior Vulnerabilidade à Violência
No Brasil, as principais vítimas da violência são jovens, negros e pobres.
Embora a violência de gênero possa atingir mulheres de todas as raças/etnias e níveis de escolaridade e renda, organizações de mulheres negras responsabilizam o sexismo e a falta de políticas públicas de emprego, saúde e educação pelo grande número de casos de violência contra as mulheres negras.
De fato todos os indicadores sociais apontam que as mulheres negras estão mais vulneráveis à violência em decorrência de uma conjunção de fatores sociais, tais como baixa escolaridade, alto índice de desemprego e de subemprego e, principalmente, da discriminação e desigualdade.  Dessa forma, as mulheres negras estão não somente mais expostas aos efeitos da violência, mas elas também possuem menores condições para o enfrentamento da violência sofrida.
São exemplos de violência os homicídios, o tráfico sexual, a exploração do trabalho, o trabalho escravo, as agressões físicas, sexuais e psicológicas, e também o racismo, as discriminações cotidianas e as dificuldades ou falta de acesso a bens e serviços. E em todos estes exemplos as mulheres negras ocupam o primeiro lugar nas pesquisas. As organizações de mulheres negras têm se empenhado em mudar estes dados através de projetos e propostas de políticas públicas que atendam as necessidades das mulheres negras e da população afro-brasileira como um todo.
Alguns avanços aconteceram, mas ainda tem muito trabalho em busca da cidadania e da equidade de direitos.

Fonte: http://iurirubim.blog.terra.com.br/
       
          Postado por: Neise Alves de Araújo Cardoso da Silva

Violência Doméstica contra Mulher



           A violência contra a mulher é um dos fenômenos mais absurdos e inaceitáveis que acontece em nossa sociedade. É uma tática consciente que o agressor usa para obter poder sobre a vítima.
            Pude observar através de analise bibliográficas que a razão pela quais as mulheres continuam em relacionamentos abusivos sofrendo agressões domésticas, é por falta de condições econômicas que está diretamente associada à preocupação com a criação dos filhos. Apesar de uma significativa parcela das mulheres agredidas terem alguma fonte de renda, elas têm medo de não conseguirem cuidar dos filhos sozinha, principalmente quando tem de deixar a moradia. Elas muitas vezes não têm para onde ir com os filhos e como arcar com todas as despesas, já que o agressor ameaça não ajudá-la e um processo litigioso pode demorar. Muitos homens são autônomos, o que também gera insegurança na mulher, que não tem como comprovar a renda do companheiro.
            Infelizmente, esse tema é tratado como um problema muito distante, seu combate e a sua prevenção não estão incluídos entre as prioridades da sociedade e do poder público.

         Referências bibliográficas
Ministério da Saúde. Violência Intrafamiliar: orientações para a Prática em Serviço. Brasília DF: Ministério da Saúde; 2002.
 MASSUNO, Elizabeth. "Delegacia de Defesa da Mulher: uma resposta à violência de gênero". Em BLAY, Eva A. Igualdade de oportunidades para as mulheres. São P
ARRAZOLA, L. S. D. A mulher sob o signo da violência: marca invisível para um olhar.
androcêntrico. Recife: Ciela/Unicef, 1999.
BARSTED, L. A. L. Uma vida sem violência é um direito nosso: propostas de ação contra a violência intrafamiliar no Brasil. Brasília: Comitê Interagencial de Gênero/Comitê Interagencial de Comunicação/ONU/Secretaria Nacional dos Direitos Humanos/Ministério da Justiça, 1998.
CABRAL, M. A. A. Prevenção da violência conjugal contra a mulher. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, Abrasco, v.4, n.1, 1999.
CASA DE CULTURA DA MULHER NEGRA. Violência contra a mulher: um novo olhar. São Paulo, 2001.
Postado por: Neise Alves de Araujo Cardoso da Silva
     

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mulheres em movimento


Importante este trecho do artigo de Sueli Carneiro.


Saúde

Dentre as contribuições do feminismo negro, ocupa lugar privilegiado a incorporação da temática da saúde e dos direitos reprodutivos na agenda da luta anti-racista e o reconhecimento das diferenças étnicas e raciais nessa temática.

Nessa perspectiva, a luta pela inclusão do quesito cor, sobretudo nos sistemas de classificação da população, tem se constituído um desafio permanente e objeto da ação política de aguerridas ativistas para as quais, como afirma a médica negra Fátima Oliveira:

[...] a compreensão da dimensão das diferenças e diferenciais raciais/étnicos, da opressão de gênero e do racismo na manutenção, recuperação e perda da saúde em sociedade classista. As controvérsias são tantas e tamanhas que o quesito cor – a identificação racial – é um problema/desafio nos meios científicos, entre profissionais, serviços, formuladores e implementadores das políticas de saúde. [...] Os argumentos a favor e contra o preenchimento da cor das pessoas são inúmeros. As acusações de posturas racistas partem de ambos os lados. Quando o item existe nos formulários, a negligência no seu preenchimento é regra. Mesmo quando preenchido por autodeclaração ou por observação do(a) profissional, não se sabe muito bem nem para que serve e nem o que fazer com ele. Em geral, os serviços não o consideram um dado epidemiológico essencial.

Estud. av. vol.17 no.49 São Paulo Sept./Dec. 2003
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142003000300008

Postado por: #MSUL Priscila P. Perim

domingo, 20 de novembro de 2011

Dia da Cosnciencia Negra

O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral.O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.



 Cabe a cada um de nós evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade daqueles que sao como nós, constituidos de carne e osso.



por Jordana Ferraz da Silva.

extraido de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_da_Consci%C3%AAncia_Negra

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Diversidade cultural, variadas expressões populacionais e etnias, e muita indignação na 2ª Conferência Estadual da Juventude

Prevista como um momento de discussão e apresentação de propostas para melhores políticas públicas direcionadas à juventude brasileira, a II Conferência Estadual da Juventude, realizada em Aracruz-ES, nos dias 27, 28 e 29 de outubro, se transformou num Evento de revolta, protestos e indignação.

A Conferência da Juventude, acontecida no SESC de Praia Formosa, município de Aracruz – ES, no último final de semana de outubro, reuniu mais de quinhentos jovens provenientes de todas as regiões do Estado, representantes das mais variadas etnias, culturas, manifestações populares e grupos de vivência da sociedade brasileira. Comunidades indígenas, etnologias, grupos temáticos, adversidades, tendências culturais foram representadas na Conferência onde as discussões caminharam quase todo o tempo para a insatisfação, não pela atual situação em que vive essa juventude sedenta de políticas dos Governos pela melhoria das mais diversas situações inerentes aos jovens, mas pelo que seria uma desorganização notória do Evento, e principalmente a ausência inaceitável, não justificada, do representante maior do Governo do Estado, tão esperado neste importante momento de discussões e entendimentos dessas situações.
Houve enorme polêmica na Plenária em relação ao processo de Eleição de Delegados para a Conferência Nacional que será em Brasília-DF de 09 a 12 de dezembro próximo. Num dos momentos mais tensos alguns chegaram a rasgarem seus crachás como forma de protesto. Denúncias abertas entre centenas de jovens no Auditório do SESC onde as palestras, conversações e votações ocorriam acusavam a intenção de favorecimento da região metropolitana da Grande Vitória, na qual estão os municípios de Cariacica, Vila Velha, Viana, Serra e a capital do Estado nas vagas para Delegados, na Conferência Nacional, previstas no Artigo 14 do Regulamento, “desmerecendo” assim as demais regiões do Espírito Santo somando 73 outros municípios. O clima de revolta resultou em muitas críticas à Comissão Organizadora Estadual (COE) já massacrada perante a Plenária pelo atraso excessivo dos trabalhos, já iniciados na recepção e acomodação dos participantes.
Algumas autoridades estiveram presentes na Mesa de Abertura e fizeram colocações que até receberam apoio dos presentes; a exemplo, o Deputado estadual “Da Vitória” que propôs a criação de uma Comissão Especial junto à Assembléia Legislativa para discutir as questões referentes à Juventude do nosso Estado, e que essa em breve se torne uma comissão permanente. O também deputado Professor Paulo se manifestou em favor de uma maior participação dos jovens nas decisões do Governo. E a Senadora Ana Rita enalteceu a diversidade de jovens presentes discutindo políticas públicas nesta Conferência, lembrando os muitos desafios das categorias ao longo dos anos. O senhor Darcy, representando uma organização da juventude a nível nacional informou que se aguarda a aprovação no Senado do Estatuto da Juventude. Enquanto que o Deputado Federal Paulo Foleto falou de avanços e como isso influenciou a juventude.

A representatividade da juventude

Thaynara Rodrigues de Freitas, 16 anos, do município de São Gabriel da Palha, deficiente visual, aluna da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “São Gabriel da Palha”, duas vezes por semana sai de madrugada para viajar ao município de Colatina e frequentar um Centro de Reabilitação. Segundo a senhora Maria do Socorro Santana Reinoso, abilitadora de pessoas com deficiência visual, foi feito um pedido para que ela tivesse um professor especializado em seu município e a Escola onde a adolescente estuda alegou que não tinha profissional especializado na área de deficiência visual, e o Estado não facilitou. O que levou Thaynara a buscar atendimento em Colatina, saindo de madrugada em uma das vagas dos carros da Secretaria de Saúde do seu município, quando há essa possibilidade, pois Thaynara vende bjouterias que ela mesma produz para ajudar no custeio de transporte quando necessário e da sua alimentação. A própria adolescente teve a iniciativa de procurar a prefeitura por esse apoio. No entanto, a Campeã numa Competição de Xadrez adaptado para cegos, além de um terceiro lugar na Copa Brasil 2010, nesta modalidade, realizada no Rio de Janeiro e São Paulo, competindo com adultos experientes, é um grande exemplo de força da vontade de uma juventude que quer discutir e apresentar propostas aos Governos, lutando pelos seus direitos. Sua orientadora na mobilidade para caminhar sozinha, dona Maria do Socorro, informou o quanto a menina é esforçada e dedicada no que quer. “As bijoterias ela já faz com a grande habilidade desenvolvida para usar a língua... Agora ela vai também aprender a cozinhar... e já tem um namorado que também é cego rsrs” – falou a orientadora acompanhante, provocando risos em Thaynara que caminhava seguramente a nossa frente e dizia: “Vou casar com ele mais vai depender da sogra rsrs”.

Revolta pela ausência do Governador

Mestrando em Política Social na Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Camila Valadão, Assistente Social, uma das palestrantes foi taxativa ao dizer: “É lamentável saber que as propostas apresentadas na I Conferência ficaram engavetadas em grandes empresas. Possivelmente foram parar em alguma mesa da Empresa Queirós Galvão” – Empresa que seria da família do Ex-Governador Paulo Hartung, também citado pela palestrante. Ao abordar uma triste realidade vivida no Espírito Santo, que se destaca pelo alto índice de mortalidade de jovens, Camila foi enfática ao criticar a ausência do Governador Casa Grande, o qual muitos garantiram que teria sido orientado pela Comissão Organizadora a não comparecer, a Assistente Social desabafou: “O Governador Casa Grande deveria sentir vergonha dessa situação que nosso Estado vive, e deveria estar aqui pra ouvir essa juventude”. Segundo Camila, das 20 cidades do Brasil com alto percentual de jovens mortos por assassinato, 4 estão no Espírito Santo, e destas o município da Serra é o líder.

Os índios também querem um país melhor

Os índios das Comunidades Pau Brasil e Caieiras Velha, descendentes dos Tupiniquins, estiveram representados pelos jovens Altieres, Josiane e Wander que foram lutar pelos diretos da juventude indígena de um meio ambiente e uma vida digna para todos. O jovem Altieres, que simpaticamente posou para uma foto, num bate papo também fez questão de se manifestar dizendo: “A Conferência está interessante, pena que não foi bem o que a gente esperava. Eu achava que os três da nossa delegação poderiam tentar ser eleitos para Conferência em Brasília, mas a Comissão fez a coisa de um jeito que só vai facilitar para as cidades da Grande Vitória e então só um de nós índios poderá ser eleito... Dentro dessas vagas pra ir pra Brasília já deveria ter vaga garantida para um índio e as outras a gente tentaria na votação... Nós somos um povo que sofre a muito tempo, não estamos sofrendo agora. Discriminação, morte, acabando com as moradias, com as tribos... Quando se fala em meio ambiente por exemplo, devia se começar falando dos índios” – desabafou Altieres, jovem, índio, querendo também lutar por mais políticas públicas em favor da juventude deste país.

Não há limites na luta pacífica por direitos

A deficiência física que limita o caminhar da jovem Dimítria Barbosa Mandeti Eto, de Aracruz, em nada a impediria de participar da Conferência, pois ela sabia que essa seria uma oportunidade ímpar de formulação de propostas que visam atender os mais variados anseios da nossa juventude. Dimítria esteve também participando da Conferência buscando ainda ser mais uma Delegada na Conferência Nacional onde pretende lutar pelos direitos e respeito para com as pessoas, principalmente os jovens, que pela limitação física encontram maiores dificuldades para trabalhar, estudar e terem uma vida mais digna. Com deficiência também na fala, num rápido bate papo fez-se entender muito bem ao dizer: “Quero sim lutar pelos deficientes, só nós é que sabemos o que um deficiente precisa”.

A decepção de um morador do município

Senhor Jucelino, que acompanhava a jovem Dimítria, em meio a muitas discussões na Plenária quanto à participação dos conferencistas, pediu pra fazer uso do microfone e desabafou: “Eu sou morador aqui de Aracruz, nós sediamos a Iª Conferência Estadual, que foi maravilhosa; agora que estamos também sediando a 2ª Conferência quero dizer que estou decepcionado ao ver tanto descaso de muitos jovens que vieram aqui pra fazer turismo e não estão participando discussões”.

Quem de fato estava na Conferência?

Pode-se dividir a Conferência Estadual da Juventude 2011 em três categorias de conferencistas: Os que foram para discutir os encaminhamentos das Conferências Municipais falando das necessidades e anseios da juventude espalhada por todo o Estado do Espírito Santo. Os que imbuídos de pretensões políticas abandonavam a Plenária e articulavam durante todo o tempo fazendo campanha para serem eleitos ou elegerem os Delegados que atenderiam os seus interesses pessoais ou políticos, na Conferência Nacional. E os desinteressados nas questões em geral, preocupados na maioria das vezes com a boa alimentação servida no Restaurante do SESC, bancada pelo Governo do Estado, e as horas e horas de lazer no Parque Aquático lá existente, além das inevitáveis paqueras e a diversão nas atrações culturais.

Momentos de lazer pra relaxar as tensões

Show de rock pop com Banda tocando ao vivo, momentos de expressão da cultura indígena com índios da região, e uma apresentação fenomenal da Bateria da MUG – Mocidade Unida da Glória, com duas meninas passistas encantando a todos com um samba no pé de fazer qualquer sambista adulta “cair o queixo”, dentre outras atrações, marcaram os momentos de lazer e descontração dos conferencistas, distribuídos entre as mais diversas identidades culturais, representados por estudantes, trabalhadores, ativistas culturais, jornalistas, artistas, Comunidade GLBT, ONGs, povos e etnias diversos, etc... bem mesmo a cara da população do Espírito Santo.
Mimoso do Sul participou da Conferência Estadual com 7 Delegados eleitos na Conferência Municipal, realizada pela Prefeitura através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Em Aracruz estiveram 6 representantes da Sociedade Civil e 1 representante do Poder Público do nosso município.

Escrito por:ANTONIO CARLOS DE SOUZA – Carlinhos Gu
FONTE:http://www.mimosoonline.com.br/?secao=noticias_exibe&id=959&tema=5


Postado por: #MSUL Priscila Pavão Perim

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ABC das Identidades


Creio que alguns esclarecimentos iniciais se fazem necessários, tal é a quantidade de informações estapafúrdias e equivocadas encontradas por aí, em nossos dois mundos, o real e o virtual. A confusão que fazem com rótulos e categorias que impuseram aos gays (aqui num sentido mais genérico mesmo, evitando aquela sopa de letrinhas e a miríade de identidades homo) na tentativa de classificá-los e enquadrá-los em algo “legível” e compreensível aos olhos do mundo dito “normal”. E o pior é que estes rótulos muitas vezes são assumidos e incorporados pelos próprios homossexuais (aqui também num latu-sensu), sem nem mesmo se darem conta, às vezes, de como estes rótulos foram construídos e significados durante a história
A primeira e principal confusão conceitual que acontece com todo mundo no Brasil, mesmo entre a comunidade gay, é aquela que relaciona travestilidade e arte transformismta. Ou, ainda, colocarem transformistas e drags num mesmo saco, como se fossem a mesma coisa, sendo drag considerado apenas algo mais moderno, uma versão atualizada e repaginada do transformista. Já li, inclusive, artigos de cientistas, psiquiatras, psicólogos e até antropólogos (sim, antropólogos, futuros colegas meus!), enfim, estudiosos do assunto que cometem tal engano. Talvez se tivessem “mergulhados” um pouco mais em seus trabalhos de campo (como é chamado o “fazer pesquisa antropológica”) e prestado mais atenção aos “nativos” (outro clichê antropológico, isto é, a população pesquisada) tais estultices teriam sido evitadas. Tudo bem que as categorias de transformistas e travestis tenham uma gênese comum, tendo, inclusive, sido considerados sinônimos por determinado tempo. No entanto, com o passar dos tempos, algumas especificidades foram acontecendo fazendo com que as duas categorias passassem a diferenciarem-se entre si, criando identidades bastante distintas atualmente.
Fundamental, antes de tudo, é esclarecer certa diferença básica e que vem a embasar todas as outras definições. Trata-se da diferença entre Identidade Biológica e Identidade Psicossocial, ou ainda, entre Identidade Sexual e Identidade de Gênero. Sim! Elas são diferentes! E nunca foram pensadas antes da década de 1960. Graças ao movimento feminista as coisas começaram a mudar.
Bom... uma definição bem básica de identidade: é o conjunto de características e signos através dos quais relacionamos o "eu" com o "nós" e o "eles". Aliás, o "eu identitário" só surge depois de um reconhecimento desses "nós" e desse "eles". Como durante nossa vida nos defrontamos com uma diversidade de "nós" e "eles" podemos construir várias identidades que se justapõem e são acessadas conforme circunstâncias diversas. Portanto, identidades nunca são essenciais ou estáticas, sendo sempre relacionais e cambiantes.  Posso ser homem, gaúcho, cristão, brasileiro, gay, torcedor de um determinado time de futebol, rockeiro, etc, tudo ao mesmo tempo, assim como, ser somente uma delas quando determinada situação assim o exigir. Por exemplo, quando vejo cenas de violência e homofobia no futebol, meu lado gay se manifesta acima da identificação com um time de futebol. Por razões próprias da dinâmica de uma determinada cultura, algumas identidades se tornam mais fundamentais e embasadoras na construção de um "eu", entre elas, a identidade sexual, de nosso local de nascimento ou ancestralidade (étnica/racial) e religiosa. No que se refere à sexualidade, orientação sexual e transgeneração é necessário compreender a dinâmica e relação de duas identidades: a biológica (sexual) e a de gênero.
Identidade Biológica (ou Sexual) é aquela referente ao nosso sexo biológico, genético e com o qual fomos dotados fisicamente, isto é, nossa genitália e que nos define como macho e fêmea, homem e mulher. Já, a Identidade Psicossocial (ou de Gênero) pertence à dimensão do psicológico e do social. É a identidade aparente, comportamental, simbólica, nosso gênero, que nos define como seres masculinos e femininos. Uma comparação rasteira e um tanto reducionista mas que pode ser dada para elucidar a questão: a genética não nos fala em genótipo e fenótipo? Nossas características físicas que estão em nosso cromossomos mas que “aparecem” diferentes no nosso corpo, como cor do cabelo, por exemplo. Lembram das aulas de Biologia do segundo grau? Pois é! Mais ou menos por aí.
Continuando... a divisão das identidades em macho e fêmea, homem e mulher e masculino e feminino remonta à divisão social do trabalho, quando as tarefas para o sustento coletivo dos primeiros grupos humanos foram dividas entre homens e mulheres. A divisão não foi biológica. Foi social. Destarte a única diferença entre homens e mulheres, a de que estas são as únicas capazes de gerar a vida, o resto são diferenças culturais. E assim, pelo menos em nossa civilização ocidental, foram atribuídas certas qualidades a um ou outro sexo e com o passar dos milênios essas qualidades atribuídas foram incorporadas, tomadas como inatas, inerentes ao sexo. A civilização helênico-judaica, sendo cultura mediterrânica e, portanto, patriarcal, com a estória de Adão e Eva reforçou e muito este mito. Só que a diferença entre homem e mulher era considerada de grau, onde o homem era tido como superior à mulher, como se esta fosse uma versão menor e inferior daquele. Entre os séculos XVII e XVIII, com a Revolução Científica e o Iluminismo, essa diferença passou a ser considerada de natureza. Porém, a idéia de que a mulher era inferior ao homem persistiu nas entrelinhas (até hoje isso acontece). O mesmo aconteceu com a questão das identidades. O masculino só poderia pertencer ao homem e o feminino apenas à mulher, ou seja, as identidades genética e de gênero não se dissociavam. Um homem com qualidades femininas? Imagina! Só pode ser uma “anomalia”. Assim era construído o conhecimento, ainda fortemente influenciado por uma moral religiosa. No limiar da Ciência dita moderna, a partir do século XVIII, principalmente no nascer da medicina, com estudos sendo feitos sobre estas “anomalias”, percebeu-se haver, em alguns casos, na espécie humana, uma dissociação entre essas identidades! Assim a Ciência passou a “construir” seres humanos classificados em categorias. E classificação “pode” gerar ordenação! Devo apenas lembrar que isto se passa com nossa civilização: a ocidental. Outras culturas encontraram formas diferenciadas de lidar com a diversidade.
Outra questão pouco compreendida é que desejo nada tem a ver com identidade. Com nenhuma das duas! Os gregos já sabiam disso! Eros jogava suas flechas em todo mundo, o que queria era ver o amor! Imaginem! Zeus, o todo-poderoso “pegador” e mulherengo queria alguém que lhe servisse o néctar no Olimpo. Quem ele escolheu? O efebo Ganimedes, o mais belo dos jovens mortais. Quem diria! Mas daí veio São Paulo, o coletor de impostos arrependido e convertido, e mudou tudo isso. Do amor, nasceu o pecado! Do pecado, a doença e da doença veio o crime! Não se esqueçam, meus caros, em pleno século XXI, homossexuais e travestis ainda são considerados criminosos puníveis com a morte pelas leis de deus e dos homens em alguns lugares!
Por tudo isso e mais um pouco, é que ainda é muito difícil, para a sociedade como um todo, compreender e aceitar alguém de um determinado sexo se vestir e se comportar como se do outro sexo fosse. Isso ainda é tido como anomalia. Não se percebem as diferenças entre as identidades genética e de gênero. E essa idéia faz com que não possamos compreender a questão em toda sua complexidade. E tais diferenças dão-se de várias formas e nuanças, contribuindo, assim, para as diferenças existentes entre transformistas, travestis e transexuais, por exemplo.
Vou explicar melhor, agora, caso a caso, por meio de estudos antropológicos (apesar de limitado, ainda serve para o conhecimento humano, acredito) e também me servindo de definições êmicas, termo usado em antropologia, quando o próprio nativo se qualifica e se define. Ou seja, as definições que trarei são dos próprios homossexuais, transformistas, travestis, drags, etc. temperados com o conhecimento antropológico. Vale lembrar que os termos aqui tratados são referidos em seu uso no Brasil, podendo em outros lugares do mundo assumirem outras conotações. É importante frisar também que estas categorias são de análise , como tipos  ideais, modelos. Portanto, na vivência real podem ser cambiantes, ou seja, um sujeito que se enquadre numa categoria pode passar a assumir a identidade de outra, assim como  considero  a autoidentificação, ou seja, não sou eu que determino a identidade e sim o próprio sujeito que se coloca nela. Vamos, então, a um pequeno dicionário:

Homossexuais: indivíduos que praticam sua afetividade e sua sexualidade com outros indivíduos do mesmo sexo. O objeto do desejo é orientado a alguém do mesmo sexo. “Pode” haver uma identidade homossexual, uma identificação psicossocial com outros sujeitos praticantes da homossexualidade, porém, não é uma regra. Não há um identidade homossexual única. Existem sim, várias microidentidades homossexuais, variadas conforme outras condicionantes. Assim surgem os gays, as lésbicas, os sapatões, as melissinhas, as bichas, os bofes, as barbies, os ursos, os entendidos, etc. A prática sexual homo não está diretamente vinculada a uma identidade homossexual, muito menos a uma homossociabilidade. E identidade homossexual nada tem a ver com uma identidade feminina, no caso dos homens, por exemplo. Isto é um caso controverso. Alguns estudiosos e militantes acreditam que isso se deve ao caráter heteronormativo de nossa sociedade, que exerce uma coerção social tendenciosa, preconceituosa e machista e que não tolera o gay way of life. Outros, porém, acreditam que o assumir-se, o coming out, o famoso sair do armário e a forma como isso se dá é uma questão de escolha individual. Será?

Transgêneros: termo surgido recentemente e que serve para designar toda uma categoria de sujeitos que praticam a transgeneração, isto é, dissociam suas identidades genética e de gênero. Comportam-se nas situações mais variadas e por razões diversas como se pertencessem ao sexo oposto. O termo surgiu para dar conta das várias identidades trans surgidas e percebidas a partir do século XX e que, antes disso, eram categorizadas apenas como travestis ou invertidos. Compreende, portanto, travestis, transexuais, transformistas, drag-queens, crossdressers, etc. O fenômeno  da transgeneração é histórico e cultural: foi se transformando de acordo com novas práticas identitárias e novas descobertas científicas e se materializa diferentemente de acordo com o contexto cultural em que está inserido. Divido a categoria transgêneros em duas subcategorias:  as identitárias, aquelas em que a identidade de gênero é sociopolítica (travestis e transexuais) e as performáticas, quando a identidade é acessada em momentos e situações específicas (transformistas, drag-queens e crossdessers).

Cisgêneros: São os indivíduos que conciliam as identidades sexual e de gênero. Homens e mulheres que, mesmo sendo homossexuais, expressam seu gênero conforme sua identidade sexual. A categoria cisgênero ganhar destaque neste início de milênio com novas práticas estético-corporais e de papéis sexuais, quando uma heteronomatividade se insere acirradamente no entendimento da homossexaulidade, como por exemplo, a busca de padrões masculinos de comportamento e de estética entre os homossexuais masculinos, carregada, inclusive, de uma abjeção aos homossexuais efeminados e aos transgêneros.


Intersex: mais conhecidos como hermafroditas. Termo que se originou na figura mitológica grega Hermafrodita, filh@ dos deuses Hermes e Afrodite e que herdou fisicamente os dois sexos de seus progenitores. São sujeitos sexualmente ambivalentes, ou com um sexo “indefinido”. Não há na realidade um hermafrodita completo, ou seja, com os dois sexos plenamente formados num só corpo. Um sempre se sobressai ao outro em alguma de suas variadas e complexas características e que ultrapassam a simples questão da genitália, incluindo aí caracteres hormonais, cromossômicos, biológicos e psicológicos. O que existe realmente chamam de pseudo-hermafroditismo. Questão deveras polêmica. Pois, os médicos acham necessário proceder cirurgicamente para “corrigir o problema”. Assim, geralmente, são os médicos, ou melhor, uma equipe médica interdisciplinar que definirá o sexo final do sujeito intersex. Já existe um movimento sociopolítico, da parte dos próprios sujeitos intersex, que visa o impedimento dessas intervenções cirúrgicas fazendo, assim, com que seja o indivíduo intersex, já em idade adulta, aquele quem decidirá se haverá ou não uma “correção”.

Transexuais: Muitas vezes são confundidas com travestis operadas, porém uma diferença  deverá ser considerada: muitas vezes o desejo da operação de troca de sexo, ou uma correção genital se coloca como necessidade. A confusão com as travestis se dá pelas caraceterísitcas básicas comuns a ambas, pois, como as travestis, as transexuais pertencem a um sexo biológico, mas comportam-se socialmente como se do outro sexo fossem tanto em suas vidas públicas quanto privadas. São mais conhecidas pela expressão “alma de mulher aprisionada num corpo de homem” (ou o contrário). Através desta expressão e com o que venho discutindo aqui, no que se refere às identidades genética e de gênero, já dá para se entender o real significado da expressão. Há um total desencontro entre as identidades fazendo com que a segunda negue a anterior. A identidade psicossocial não aceita a sua identidade sexual, resultando em que estes indivíduos recorram , muitas vezes, à intervenção cirúrgica para buscar corrigir essa diferença. Não há necessariamente uma relação direta da transexualidade com a homossexualidade. Heterossexuais também podem vir a tornarem-se transexuais. No caso de homem para mulher: é um homem que quer SER uma mulher. Ciências como a Medicina e a Psicologia ainda consideram a transexualidade um transtorno psicológico de identidade, patologizando a categoria.

Crossdressers: Muito confundido com a travesti e com o próprio transformista, sendo erroneamente identificado com todo aquele sujeito que se veste com roupas do sexo oposto. Na verdade é um movimento surgido na última década para designar o sujeito geralmente heterossexual (mas também há sujeitos homossexuais e bissexuais) que, por prazer, fantasia, fetiche ou identificação de gênero, veste-se com roupas do sexo oposto. A prática não é cotidiana, havendo inclusive encontros específicos de crossdressers. O termo surgiu para diferenciar-se de travesti, que são mais confundidos com homossexuais. Não há necessariamente uma conotação sexual, apenas sociocomportamental.

Travestis: O termo parece ter tido origem no século XV e foi ressignificado no início do século XX por um médico alemão. Se referia aqueles sujeitos que se comportavam como se fossem do outro sexo biológico, incluindo aí, desde fetichistas até aqueles que viviam assim constantemente. Outro termo empregado era inversão. A partir dos estudos deste médico o termo travesti se popularizou  e no Brasil  chegou nos anos 50 se generalizando e virando, inclusive, sinônimo de homossexual afeminado.  Toda e qulaquer pessoa que assim se comportava era considerado um travesti, não importando o contexto.  Para o significado dessa colocação, usa-se hoje em dia, o termo transgênero. Não há uma relação direta da travestilidade com a homossexualidade, nem mesmo uma direta identificação. Como no caso anterior, também há uma diferença entre a identidade sexual e a psicossocial. Mas não ao ponto de uma total negação entre ambas. Como os transexuais, comportam-se socialmente, pública e privadamente, como se fossem pertencentes a outro sexo. A partir dos anos 50 e 60,  pelo menos no caso de homens que se travestiam de mulher, com o advento de novas tecnologias, as travestis passaram a fazer uso de hormônios e aplicações de próteses de silicone, para aprimorarem as características femininas requeridas e necessárias. Assim, as travestis começaram a definir e especificar mais ainda sua indentidade, diferenciado-se dos transformistas  e outros sujeitos transgêneros. No entanto, o sujeito travesti não nega seu sexo biológico na grande maioria das vezes. A maioria dos casos ocorre entre indivíduos nascidos homens., porém, há mulheres travestis, só que são menos aparentes socialmente. Pode acontecer de um sujeito travesti querer operar-se, tornando-se, assim, um transexual, o que chamo de “trânsito entre identidades”, mas  parece ser uma minoria. Até mesmo porque, muitas das travestis, infelizmente, para terem seu sustento material ainda precisam recorrer à prostituição, sendo, portanto, necessária, muitas vezes, a manutenção da genitália masculina, o que pode ser percebido nos  anúncios de classificados: “uma mulher especial, com um brinquedinho a mais”. É neste ponto que reside a tênue e sensível diferença entre travestis e transexuais. A travesti somente não recorre à cirurgia porque “precisa” de seu sexo biológico ou porque realmente não sente-se uma mulher como o transexual. Polêmico!!! No caso de homem para mulher: é um homem que quer SENTIR-SE como uma mulher.

Transformistas: O termo parece ter surgido na década de 1920 por meio do teatro e comporta aqueles indivíduos que se vestem com roupas e acessórios do sexo oposto, porém, atualmente, o contexto é totalmente diverso daquele em que os outros sujeitos trangêneros estão inseridos. Não há intervenções cirúrgicas, no máximo e em reduzidos casos, algum uso de hormônios para suavizar as formas físicas masculinas do corpo ou preencher um pouco os seios (no caso de homens transformistas; mulheres transformistas são raras). A prática nunca é privada, ou seja, o transformista não age assim para estar dentro de casa, no seu dia-a-dia. Portanto, a prática é sempre pública,  geralmente  em espaços de homossociabilidade. A relação com a homossexualidade é mais direta. A prática transformista está diretamente relacionada com a arte do transformismo, ou seja, é utilizada para performances em shows de dublagens, espetáculos teatrais e concursos de beleza feminina. No caso da arte transformista, as técnicas utilizadas podem servir à busca pela semelhança com alguma mulher em especial, geralmente grandes cantoras. Os artistas transformistas  geralmente criam uma única personagem, algo como um alter-ego, porém, podem variar suas interpretações e os artifícios utilizados são variados, mas sempre extracorpóreos, nunca intra. Usam-se perucas, meias, técnicas de maquiagem e de enchimentos nas roupas para acentuar curvas e sinuosidades, como peitos postiços assim como a famosa “pireli” usada nas nádegas para “arredondar o traseiro”. A intenção do transformista é ficar o máximo possível parecido com uma mulher. Transformistas são aqueles homens que querem PARECER uma mulher. Não há nenhuma negação, por parte do transformista de seu sexo biológico. Ao contrário, brinca-se com isso. A arte está justamente aí. Todos saberem que atrás daquela mulher linda e interessante está um homem. A figura clássica do transformista foi eternizada por Julie Andrews no filme “Victor ou Victória” onde uma mulher faz-se passar por um homem que faz show vestido de mulher. O termo ainda é muito confundido com travesti e, atualmente, também com a drag, tanto dentro do universo homo como na sociedade em geral. Há a questão das regionalidades também. Em muitos lugares, estes dois termos são praticamente sinônimos, como na língua espanhola, por exemplo, onde as travestis são chamadas de transformistas. No português brasileiro é o contrário. Os transformistas são chamados de travestis de maneira geral pela sociedade e as travestis que fazem shows são chamadas de transformistas, mesmo entre os homossexuais. Este último fato se deve às significações que o show transformista recebeu. Pois, o show transformista, durante certo tempo, passou a ser todo aquele show que era feito por um homem biologicamente definido como tal, porém, vestido como uma mulher, independentemente se tinha peitos de silicone ou não. Mas com o surgimento das drag-queens, nos anos 80 e 90, os artistas genuinamente transformistas passaram a se auto-identificarem desta forma, numa tentativa de demarcação de sua identidade e afirmação de sua diferença em relação às drags e às travestis. Não é uma categoria fechada, ou seja, transformistas podem virar uma travesti ou mesmo uma drag. Mais uma vez o tal “trânsito” entre identidades.  Os transformistas mais famosos de Porto Alegre e ainda na ativa são: Lady Cibele, Dandara Rangel, Laurita Leão, Glória Cristal (do Cine Theatro Ypiranga), Charlene Voluntaire (também do Cine e às vezes definida como drag pelo modo como iniciou sua carreira), Iaçana Makeba, Victória Principal e Bruna Diniz (da Refugiu’s Mega Danceteria).

Drag-queens: Este é o único caso que se aplica somente aos homens que se vestem de mulher. Não há mulheres drag-queens, pelo menos no Brasil. Na confusão, tentaram classificar as drag-kings, as mulheres que se vestem de homem, mas, pelo menos aqui, não vingou.  A origem do termo é confusa: queen é a forma na língua inglesa para o nosso "bicha" e drag pode ser uma sigla para DRessed As a Gril, (vestida como uma garota), mas não há evidências concretas disso.  Outros ainda afirmam que a origem de drag vem de dragão e queen seria rainha mesmo. (drag-queen = rainha-dragão). Nos Estados Unidos parece que o termo drag-queen é utilizado para todo e qualquer homem que se vista de mulher, algo como a generalização do termo travesti no Brasil. Para o que nós usamos como drag-queen e transfomrista no Brasil, na língua inlgesa é impersonator. Enfim, a onda drag foi uma tendência surgida nos EUA e também na Inglaterra, nos anos 70, na esteira da contracultura e ainda na era Disco e que se popularizou na onda clubber dos anos 80 e 90, principalmente com o estouro mundial do filme australiano “As Aventuras de Priscilla – A Rainha do Deserto”. Como os transformistas, as drags também estão mais ligadas à homossexualidade (há relatos de homens heterossexuais que se profissionalizaram como drags) e à performance, porém, com características completamente diferentes. Antes da popularização do fenômeno em 1994, elas já existiam numa forma variada mas em número bem menor. A maquiagem era bem diferente, num estilo pantomímico, com uma máscara de maquiagem branca cobrindo o rosto, com os olhos e a boca pintados num colorido intenso, porém, o tom debochado e exagerado era o mesmo. Eram figuras clownescas do carnaval carioca que  se transformaram na caricata e emprestou características à drag queen moderna. Figuras clássicas, no Brasil, dessas drag-queens antigas e caricatas são Isabelita dos Patins, Lola Batalhão e Laura de Visón. Em Porto Alegre há Pérla Ostra, eterna madrinha da Parada Livre. A drag não quer parecer uma mulher, ela DEBOCHA do feminino, no sentido teatral do termo. É uma over-woman, uma super mulher, o supra-sumo da atitude camp.  A maquiagem é exagerada, o figurino colorido, extravagante. Diferentemente do transformista, uma drag não esconde seu sexo biológico. O corpo masculino, mesmo que depilado, permanece à mostra. Não há exatamente uma tentativa de feminilizar o corpo, no máximo o uso de peitos postiços. Os braços masculinos, por vezes até musculosos, podem ficar à mostra sem nenhum problema, quando os transformistas, muitas vezes precisam recorrer aos vestidos com manga e luvas para encobrirem os braços masculinos. A drag-queen é um personagem único. A arte drag é totalmente diversa da arte-transformista. O transformista é mais restrito ao palco, à dublagem principalmente. A drag-queen, muito mais performática, começou nas pistas, nas portas das casas noturnas, recepcionando e brincando com o público, depois é que subiu aos palcos. Não há a busca da semelhança com o artista performatizado. É outro tipo de arte, quando a performance é feita pela mesma persona sem variar as interpretações. É uma arte assemelhada com a arte clown, só que um clown alegre, extremamente alegre. Por isso as críticas hoje existentes em relação às drags, de que elas fazem sempre o mesmo show com performances repetitivas. As pessoas não entendem esse caráter performático e de um único personagem. A drag mais conhecida de Porto Alegre é Letícia Dumont.

Top-Drags: Uma variação da Drag-queen. Muito mais feminina. Uma espécie de fusão entre uma artista travesti e uma drag-queen. Mantêm as características performáticas da drag-queen. Mas o corpo mais feminino é evidenciado, a maquiagem deixa de ser exagerada e passa a ser um pouco mais "natural". A busca é por femme fatales. Muitas drags se autodenominam como Tops, como um upgrade em sua carreira, algo como über model entre as modelos. Os maiores exemplos de Top-Drags em Porto Alegre são Suzzy B (da boate Vitraux Club) e Gia.

Caricatas: transformistas especializados em performances cômicas. Deboche puro, brincando com a figura da mulher estampada num corpo masculino. Geralmente é evidenciada a feiura, o bagaceiro, o brega. Por vezes, dependendo da performance, o tamanho dos seios e das nádegas é exagerado. O maior exemplo de ator-caricato aqui em Porto Alegre é o ator João Carlos Castanha. Dandara Rangel e Laurita Leão também fazem performances cômicas e escrachadas. Na história das artes transgêneras no Brasil há uma forte relação da caricata com a origem da drag-queen brasileira.

Covers: artistas performáticos especializados em performances imitativas. O nome vem das bandas musicais que se especializam em tocar o repertório de uma outra banda já conhecida. E no Brasil foi este o termo que se convencionou usar para denominar este tipo de arte. Nos países de língua inglesa a palvra usada é impersonator (utilizada inclusive para transformistas). São performers que se especializam em imitar os outros em suas ações e comportamentos, além da aparência. Na sua relação com o transformismo apenas se retira a dimensão transgênera deste. O caráter artístico do transformismo permanece o mesmo. O maior exemplo de artista cover na noite  gay de Porto Alegre é o Nikki Goulart com suas performances de Michael Jackson e Nina Haggen.

Montadas: Montada é o termo usado para aquele que está vestido de mulher. Montaria é todo o aparato necessário para a transformação.

Andrógino: Termo que mistura as palavras gregas “andros” e “ginos” e que designam exatamente masculino e feminino, respectivamente. Todo aquele sujeito que tem a identidade de gênero ambivalente ou indefinida, diferentemente dos transex, quando a indefinição se dá na dimensão biológica. Androginia ultrapassa o masculino e o feminino, dando espaço para dúvidas numa definição. Pode ser a fusão entre o masculino e o feminino, fazendo com que estes conceitos desapareçam ou mesmo mantenham a permanência de características de ambos os gêneros.

           Heterossexuais: Sujeitos que praticam sexo com alguém do sexo oposto. O termo passou a existir quando homossexualismo virou homossexualidade. Quando o homossexualismo deixou de ser considerado uma anomalia pela Organização Mundial de Saúde em 1985 e pela Associação Internacional de Psicologia em 1999 (pasmem! Somente há 10 anos), surgiu o termo homossexualidade. Assim heterossexualidade veio na esteira para marcar a diferença. Antes não se pensava num sujeito heterossexual, tal o peso de normatividade que esta prática tinha. Era o correto, o normal, portanto nem precisava ser nominado. A diferença era dada apenas entre homens e mulheres. Com uma maior aceitação da homossexualidade, o mundo passou a ser dividido entre heterossexuais e homossexuais. Setores do movimento LGBTT reivindicam uma ampliação dessa ideia reconhecendo a existência não só de identidades múltiplas mas também de sexualidades variadas.


Bissexuais: Sujeitos que praticam sexo com sujeitos de ambos os sexos. Ainda é considerada uma prática marginal, tanto por heterossexuais quanto por homossexuais. Tidos como “suspeitos” ou “promíscuos” ou simplesmente alguém que não quer sair do armário. A questão mais importante a ser considerada, no entanto, é a forma binária e dicotômica como ainda encaramos a sexualidade humana e que só permite a existência de dois modelos: os heteros e os homos, não possibilitando a compreensão da extensa variabilidade de práticas sexuais que a sexualidade humana pode abarcar.

Ufa!!! Foi longo, mas o básico tai! Qualquer dúvida ou objeção ao aqui exposto é só entrar em contato comigo!

Postado por:#MSUL Priscila P. Perim 

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