sábado, 26 de maio de 2012

Construção de 'nova' Dubai faz com que passado seja esquecido

Para construir uma nova cidade, foi preciso destruir todo um passado. Por isso hoje, é muito difícil encontrar marcas da antiga Dubai. 


Dubai é um lugar para quem quer ganhar dinheiro rápido. O país teve o maior crescimento populacional do mundo nos últimos anos. É que muita gente foi para lá em busca de trabalho. Para tentar melhorar de vida.

Em muitos países do mundo árabe, a mulher, até hoje, não tem o direito de dirigir. Mas em Dubai, é diferente, elas não só podem dirigir, como também podem trabalhar como motoristas de táxi. A equipe do Globo Repórter entrou em um táxi, de teto cor de rosa, pra saber, como é a vida de uma motorista de táxi nesse país.

A motorista é Nuhr Siraj, uma etíope que trabalha como motorista de táxi há mais ou menos sete anos.
Nuhr conta que foi trabalhar em Dubai para ajudar a família que ficou na Etiópia. Ela sente saudades, mas nem pensa em voltar. Está feliz com o que faz. O trabalho é duro, seis dias por semana, dez horas por dia. Mas ela diz que o salário compensa. Consegue ganhar o equivalente a R$ 7 mil por mês.
No taxi de motorista mulher, só entra mulher, elas só podem levar mulheres ou famílias. Homem sozinho não pode entrar neste táxi.
É um serviço especial, criado para as mulheres muçulmanas, que por causa da religião não poderiam usar taxis dirigidos por homens.

Mas Dubai também tem problemas como qualquer outra cidade do mundo.

Bastou a equipe do programa se afastar um pouco dos prédios modernos, luxuosos, para descobrir um lado quase desconhecido da cidade. A menos de 15 minutos do centro, a equipe do Globo Repórter encontrou um bairro que não está nos cartões postais. Al Quoz. É um dos bairros mais pobres da cidade, onde vive a população que ajudou a construir esse país, a maioria indianos, mas também tem gente que veio do Nepal, do Paquistão, de Bangladesh.
A equipe usou câmeras pequenas para entrar nos alojamentos. O que vemos é assustador. Espaços pequenos, sujeira. Um indiano diz que nestas condições a vida não pode ser boa. Ele mal consegue dormir. Conta que gasta quase tudo que ganha no aluguel, e divide o quarto com seis pessoas.
É uma vida triste e miserável. De toda a população que vive em Dubai, 40% vieram da índia. Muitos ainda vivem nestas condições. E não tem como sair, porque falta dinheiro para pagar a passagem de volta para casa.

Incrível é a gente imaginar que em Dubai um país teoricamente tão poderoso, tão rico ainda existe gente vivendo em condições como essa.

Para construir uma nova cidade, foi preciso destruir todo um passado. Por isso hoje, é muito difícil encontrar marcas da antiga Dubai. Uma das raras imagens são estes barcos.

Foi a partir de um porto que no passado Dubai começou a surgir. Era pra lá que iam comerciantes da Índia e da antiga Pérsia, hoje Irã, trazendo mercadorias pra vender e pra trocar. Hoje esse porto, que é um ancoradouro natural, não tem praticamente nenhuma importância, ele só recebe barcos antigos, pequenos, de comerciantes do Irã que até hoje mantém a tradição de ir para lá vender suas mercadorias. Como fundo desses barcos antigos, os prédios enormes e modernos que são o símbolo de Dubai.

Num dos barcos ancorados, um grupo de iranianos chama a nossa atenção. A equipe tenta subir no barco de comerciantes iranianos pra conversar com eles e descobrir o que eles estão fazendo em Dubai.
A equipe conta que é brasileira e eles logo dizem que torcem pela nossa seleção. Contam que fazem transporte de carga entre os Emirados e o Irã. E que trazem principalmente arroz. Eles demoram, mas acabam admitindo. Fazem também contrabando, principalmente de cigarros.
Eles são muito simpáticos e adoram conversar. Um iraniano diz que as pessoas conhecem muito pouco o Irã, país que tem uma história riquíssima. E faz questão de dizer que a vida lá é muito boa, que as pessoas são felizes.

Disponível em :<http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/05/construcao-de-nova-dubai-faz-com-que-passado-seja-esquecido.html>.Acesso em 25 maio de 2012.

Postado por:MSUL Priscila
 


 

 

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